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A sombra do Orion
12.05.2014
O artista canadense Mark Lewis investigou as ruas de São Paulo e nos deu seu testemunho.

O artista canadense Mark Lewis investigou as ruas de São Paulo e nos deu seu testemunho:

"Para mim, uma das coisas mais extraordinárias sobre São Paulo é o grande número de edifícios modernos da década de 1920 e 30 até a década de 1970. Claro que existem os edifícios assinados por grandes arquitetos como Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi. Mas fui surpreendido pela existência de centenas de outros prédios graciosos e bonitos, possivelmente assinados por arquitetos menos conhecidos ou há muito esquecidos. Vivo e trabalho em uma cidade, Londres, que tem uma imensa e coletiva hostilidade ao moderno e hoje há muito pouco desses tipos de edifícios lá. Um dos edifícios que mais gosto em São Paulo é a antiga fábrica de borracha Orion na rua Behring, abandonado pela empresa na década de 1980 e agora vazio e um pouco deteriorado. Mas de alguma forma o prédio permanece orgulhoso, talvez porque do outro lado da rua ergue-se o "grotescamente enorme" Templo de Salomão, construído pela Igreja Universal do Reino de Deus. Os dois letreiros do Orion, vazados em concreto, estão dispostos majestosamente no topo do edifício, em ambos os lados da rua. Nas manhãs claras de São Paulo, o sol fica atrás de um deles e projeta sua sombra para os cercados azuis em torno da área de construção do Templo de Salmoão. Quando o edifício Orion foi projetado e construído, como muitos prédios modernos de sua época, tinha o futuro em mente. Acho que a sombra do Orion nos lembra que os grandes edifícios, como a grande arte, continuam a ter o futuro em mente mesmo quando a derrota parece provável".

 

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