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Ao som do tambor
19.11.2014

Dois percussionistas, dois bailarinos, trabalhos da 31ª bienal, danças e muita gente reunida ao som do tambor. Esse foi o Tocar e Dançar Imagens com o grupo de afoxé Obá Inã, que faz parte da programação paralela do Educativo Bienal.



O Tocar e Dançar Imagens é uma visita educativa diferente que propõe uma conversa através de outras linguagens, além da verbal, entre educador, convidados do Educativo Bienal, público e obras da exposição.  

“É muito legal nós participarmos de mais uma ação aqui na 31ª bienal (eles também participaram da série Encontros, para saber mais clique aqui). Agora com outro formato, apenas nós quatro, com uma ligação forte com os trabalhos da exposição. Escolhemos artistas que de certa forma conectam com a cultura afro, que é o berço do Obá Inã”, explicou Tom Campos, dançarino e percussionista do grupo.



O encontro começou tímido no trabalho de Éder Oliveira. O tambor tocava e os bailarinos dançavam e faziam a sua interpretação da obra. Aos poucos o público curioso com o barulho chegava para entender o que estava acontecendo.



“Gostei muito, senti uma conexão da dança e música com o trabalho”, disse Daniele Pimentel, estudante da E.E Santos Amaro da Cruz que fazia uma visita orientada pela exposição e pararam no trabalho por sugestão da educadora.



Ao finalizar essa primeira dança, o grupo se dirigiu para árvore do baobá, símbolo da cultura afro (link para matéria baobá), que integra o projeto Mujawara, de Sandi Hilal, Alessandro Petti e o Coletivo Contrafilé. Com uma performance forte e emocionante, sem palavras, apenas com a batida do tambor e com a dança, um silêncio tomou conta do público que assistia.



De acordo com Mariana Lopes, estudante da EE Isabel A Redentora, que parou com duas colegas para ver a apresentação, o grupo se expressou com a alma: “é tocante, eles parecem uma coisa só, trabalho visual e corporal” destacou emocionada. Odete Duarte que passeava pelo Pavilhão completou: “Você vê a obra através da dança.”



A visita seguiu pelo trabalho Terra-conversa, da artista Otobong Nkanga, que sugere ligações com a terra, e o encontro fechou em Arqueologia Marinha, de El Hadji Sy, obra que também já foi ativada diversas vezes por bailarinos, uma sugestão do próprio artista.



“A obra em tempo real causa impacto no corpo que não tem como não se deixar influenciar. Estar aqui e sentir junto com as pessoas, as texturas e as cores dos trabalhos, os movimentos surgem, saem naturalmente e o diálogo acontece sem usar a palavra. Cada obra te mexe e te leva para um lugar, cada trabalho traz um sentimento diferente no corpo”, explicou a dançarina Bárbara Freitas, que participou da ação.



“No começo o público achou estranho, mas depois eles foram entendendo a emoção o que a gente não fala, mas o que a gente sente. De princípio pelo ouvido, mas depois a coisa vai criando corpo. É a mesma sensação quando a gente vê um trabalho de arte pela primeira vez, e depois vamos fazendo a leitura de suas camadas. A música pode ser inclusive uma chave facilitadora, que te ajuda a entender onde está cada elemento da obra”, ressaltou Tom.



 “A música tem uma linguagem universal, a energia e a emoção que o tambor passa chamou o público”, disse o percussionista do grupo Vinicius Assunção. Seu colega Jhosley Gledison, também percussionista do Obá Inã, completou: “As pessoas vivenciaram uma experiência. O resultado nos surpreendeu! Mergulhamos de verdade na proposta e deu para sentir que o público gostou também.”

Texto: Vivian Lobato

Fotos: Rodrigo Lins

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