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Casa de Caboclo
17.09.2014

2014
Arthur Scovino

Simplicidade e força são as principais qualidades do caboclo, uma das entidades fundamentais da umbanda e do candomblé.

A simplicidade de articulação, tratamento e meios caracteriza Casa de caboclo, de Arthur Scovino: um ambiente em constante mudança que poderia ser tanto um espaço doméstico quanto cerimonial, em que um conjunto de imagens (desenhos, fotos e escritos) e ferramentas (livros, gases e líquidos) é reunido para auxiliar um encontro, que acontecerá dentro desse próprio ambiente.

A força de determinação e a convicção são também essenciais à obra, e se traduzem em uma ocupação permanente desse espaço por Scovino, o artista como caboclo, que, com confiança, mas também modéstia, estabelece uma situação na qual o inesperado pode acontecer (acontecerá) em estreita relação com o visitante.

O caboclo e sua casa funcionam como metáfora para o que o espaço da arte pode ser e fazer e também como uma superação de suas premissas e limitações. Juntos, eles nos permitem perceber que certos objetos, em condições específicas, podem nos afetar, que podemos nos envolver em uma troca significativa com eles e com o espaço que habitam.

A casa nos mostra ainda que uma comunhão, uma transformação, pode de fato acontecer se nos deixarmos tocar – uma transformação íntima, dentro de nós ou de nossos lares. Além disso, a coragem do caboclo talvez nos ensine a ser guerreiros, como espírito de índio, lutando pelo que é justo e bom. Ver o caboclo agindo, incorporado, dentro do local cerimonial – na própria exposição – permite-nos optar, como ele, pela inocência, uma sabedoria que pode ajudar-nos a deixar esse espaço e continuar suas tarefas, agora nossas, na vida. – PL

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