Parte 1 & Parte 2
2012-
Basel Abbas e Ruanne Abou-Rahme
A instalação em partes de Basel Abbas e Ruanne Abou-Rahme apresenta uma narrativa em múltiplas camadas, envolvida com a crise da política contemporânea e o potencial de um novo imaginário social a surgir de seu colapso. The Incidental Insurgents [Os insurgentes incidentais] consiste em imagens, textos, objetos, sons e materiais em vídeo que, em conjunto, constituem uma investigação sobre as possibilidades para o futuro com base em textos literários e factuais.
A primeira parte, em dois capítulos, combina quatro histórias: a vida anarquista inicial de Victor Serge e seus bandidos na Paris da década de 1910; Abu Jilda e Arameet e sua gangue, envolvidos em uma rebelião contra os ingleses na Palestina dos anos 1930; a figura do artista como a quintessência da bandidagem, no romance Os detetives selvagens (1998), de Roberto Bolaño, ambientado no México dos anos 1970; e os próprios artistas, Abbas e Abou-Rahme, na Palestina atual. A seção considera a ressonância entre essas histórias inspiradoras e às vezes trágicas de rebeldes forasteiros que são com frequência descartados, como meros criminosos, do registro da luta revolucionária.
A segunda parte examina a metamorfose dessas personagens fortuitas (Serge, Bolaño ou os próprios artistas) ou a ressonância de seus gestos finais anos depois de terem sido mortos (Abu Gilda, Serge e sua gangue, Bonnot), seguindo essas figuras de algum modos esquecidas. Ao fazer isso, o trabalho procura recusar a aparente “permanência” do presente capitalista-colonial, desencadeando um impulso recorrente de recusa que, embora diversas vezes derrotado, continua a ressurgir e retornar.
Um elemento que aparece com frequência na segunda parte da narrativa é a editora palestina criada pelo pai de um dos artistas. Ela serviu como ponto informal de reunião em Jerusalém para várias facções políticas na época, do Partido Comunista Palestino ao Matzpen, uma organização revolucionária fundada em 1962, formada sobretudo por israelenses, mas também por alguns palestinos, que identificavam no sionismo um projeto colonizador. – GE