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Cabine telefônica aberta
14.09.2014

2011
Nilbar Güreş

A cidade de Bingöl, no Curdistão turco, onde vive parte da família estendida de Nilbar Güreş, é habitada principalmente pelas minorias curda e alevita, brutalmente discriminadas pelas políticas do governo central. Uma das formas dessa discriminação é negar às pessoas o acesso à infraestrutura mais básica.

Depois de várias tentativas de fornecer soluções práticas ao isolamento da cidade terem sido sistematicamente recusadas pelo governo, a artista decidiu registrar em vídeo e fotos as saídas criativas encontradas pelos habitantes. As imagens da série Open Phone Booth [Cabine telefônica aberta] constitutem uma espécie de afresco social. Apresentam, por exemplo, a simples prática de subir à área mais alta da aldeia para poder captar melhor os sinais de celular, transformando uma tecnologia contemporânea em uma espécie de instrumento para um exercício quase místico.

Ela também registrou situações que, à primeira vista, poderiam parecer comuns e até marginais às preocupações centrais da série. No entanto, essas imagens adicionam informações suplementares e abrem o trabalho a outros significados. Com títulos sutilmente irônicos, Güreş consegue que um simples poste de luz seja visto como uma escultura, um conjunto de baldes de metal, como uma natureza morta, e uma mulher sobre um afloramento rochoso, como uma artista. De modo similar ao que acontece com outros trabalhos dessa artista, aqui as imagens se equilibram na linha entre o cômico e o trágico, entre o real e o absurdo, entre o testemunho do documento e a aparência da encenação. – SGN
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