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Voto!
11.09.2014

2012-
Ana Lira

Em meses de campanha política, as equipes de marketing eleitoral constroem todos os detalhes da imagem dos candidatos para ganhar a empatia e o voto do público. Após o pleito, em muitas cidades é possível encontrar os retratos impressos em pôsteres e panfletos espalhados nos muros e no chão. Depois da eleição para prefeito de Recife em 2012, Ana Lira começou a documentar essas mídias de campanha obsoletas, abandonadas pelos candidatos e apropriadas pela população em intervenções anônimas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim, com a ação do tempo que embranquece as cores e lava a eloquência de qualquer slogan, o gesto de rasgar partes e sobrepor com escritos ou adesivos criou uma camada de informação crítica na propaganda. Deixou transparecer o ponto de vista do eleitor e, ao menos simbolicamente, suscitou seu engajamento diante de uma profunda crise de representação política no Brasil e também no mundo.

O arquivo fotográfico de Ana Lira, apesar de inicialmente concentrado nos dois turnos das eleições municipais do Recife, vem sendo continuado, de modo a converter-se em um mapeamento amplo, que inclua cartazes mais antigos e evidencie dados de uma cartografia na cidade, dos quais se possam aferir as relações entre o local e o perfil das intervenções. Nas andanças da pesquisa, Ana Lira notou que a maior parte dos cartazes encontra-se no centro da cidade e nos bairros de periferia, restando poucas ocorrências nos bairros nobres. Apesar desse pensamento contextual, o resultado da pesquisa apaga o entorno das fotografias e apresenta-as como metáforas de um esgotamento das formas políticas que também acontece em outras partes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Integrante do projeto Cidades visuais e do movimento Direitos Urbanos, criado em 2012 para abordar os problemas de Recife, Lira costuma fazer coberturas documentais da militância política de sua geração, dentro ou fora do grupo. Assim, as imagens do projeto Voto! foram originadas como colaboração para o documentário Eleições: crise de representação e depois ganharam autonomia como série fotográfica, mobilizada por essa incessante produção de retratos da política oficial. – AMM

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