A perspectiva da educação como forma de entender toda relação está no cerne da 31ª Bienal. Por causa disso, não há um tempo para a educação, um tempo que poderia vir antes ou depois da seleção, da produção ou da instalação de arte em um espaço de exibição. Cada momento precisa ser um momento de aprender para todos os envolvidos: para os artistas ou participantes, convidados a desenvolver projetos, juntos ou em grupos, sempre em colaboração com muitas pessoas, inclusive com as equipes permanentes e temporárias da Bienal; para os curadores, comprometidos a entender cada conversa e intercâmbio como excepcional, sem a opção, portanto, de aplicar fórmulas prontas; para a Bienal e todos os seus colaboradores, conduzidos a novos processos e novas pessoas, muitas vezes sem escolha; para os participantes de cada um dos projetos artísticos e para os visitantes, expostos a experiências de ver, conversar, dançar, comer, mover-se, em sentidos que a cada ocasião devem trazer algo inesperado.
A educação começou bem no início do processo, com a equipe do Educativo Bienal envolvendo-se nas fases iniciais de pesquisa dos projetos dos artistas e criando uma relação que continua na preparação para a exposição. Disso resulta uma mediação em que os trabalhos e eventos são a ocasião para um intercâmbio que deve ser radicalmente aberto, não determinado desde o início. A educação começou também com os Encontros Abertos, em que diversos grupos de pessoas foram convidados em cidades como Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Bogotá, Lima, Porto Alegre, Recife, Salvador, Santiago, São Carlos, São Paulo e Sorocaba para discutir urgências e perspectivas locais. Ou ainda com o workshop Ferramentas para Organização Cultural, para o qual dezesseis jovens artistas, curadores, escritores e pedagogos se reúnem, durante três semanas em janeiro, maio e outubro de 2014, para pensarem juntos como intervir na cultura e através dela em tempos e lugares diferentes.
Também não existe um espaço para educação à parte dos espaços para trabalhar, contemplar, descansar ou mesmo comer. Ela deve acontecer em todos os lugares: no restaurante/ café, nos espaços de exibição, nos quais as interações entre imagens, objetos e pessoas, incluindo visitantes e educadores, propõem novas questões e formulações; nos ateliês ou nas ruas em que essas imagens e objetos são feitos; nos debates e oficinas, como os da Favela do Moinho (p. 191), por meio dos quais os atos de aprendizagem colaborativa pretendem resultar em uma transformação permanente; nos Encontros Abertos, que são possíveis somente em colaboração com instituições locais, pequenas e grandes.
A educação, enfim, ocorre em escala íntima e ampla – de intercâmbios um a um a visitas em grupo; de saraus, em que a cultura é feita por qualquer participante, às conferências, em que o conhecimento é compartilhado com todos os presentes – sempre aspirando ao mesmo efeito: a transformação de todos os que entrarem em contato com a 31ª Bienal em algo que eles não eram antes.